É muito comum que as pessoas partilhem comigo experiências complicadas que tiveram no seu percurso escolar e que, mesmo passados vários anos, ainda as marcam e complicam as suas aprendizagens em adulto.
Alguns exemplos
A M. gostava bastante de inglês e era boa aluna até a professora do sétimo ano lhe ter dito (após ter recebido um teste negativo) que ela era preguiçosa e que nunca ia ser boa aluna a inglês. A M. sentiu-se injustiçada e envergonhada perante a turma e nunca mais teve positiva a inglês e mesmo agora na “casa dos trinta” foge do inglês sempre que pode.
O C. era um míudo tímido e que não gostava de dar nas vistas, principalmente nas aulas. Um dia a professora de inglês pediu-lhe para ler e ele pediu à professora para não o fazer, porque se sentia ainda mais envergonhado do que o habitual nele. A professora, rígida e nada empática, insistiu e o C., claramente nervoso, leu com muita dificuldade e com muitas pausas hesitantes. Ainda não tinha acabado a primeira frase e já todos se riam dele e a professora nada fez para o proteger. O C. nunca mais falou inglês em público e odeia inglês.
Serão más memórias ou traumas?
Serão estes acontecimentos suficientes para criar um trauma?
Bem, isso dependerá da personalidade de cada um de nós, da sua história e da forma como o adulto e a criança/jovem encarou o evento naquele momento. Muitos dos meus alunos passaram por eventos deste género que até hoje os marcam e lhes criaram um bloqueio que os impede de progredir na sua aprendizagem do inglês. Para eles, estes pequenos acontecimentos deixaram uma marca negativa numa altura determinante das suas vidas e, por isso, eles associam a aprendizagem do inglês ou a expressão em inglês como algo que pode produzir embaraço, vergonha e medo.
Como ultrapassar estes traumas e aprender inglês?
Em primeiro lugar, tomar consciência do impacto que a situação teve e ainda tem. Depois, partilhar com a professora de inglês o evento e se, isso for confortável para ti, como o evento te fez sentir naquele momento e como te faz sentir agora. Por último, reflete sobre o como queres que a professora conduza as aulas de forma a ultrapassares este evento e progredires no teu inglês. Preferes que a professora não te corrija sempre que erras? Não queres ler em voz alta por agora? Preferes colocar as tuas dúvidas em privado? É importante que partilhes isso para que a tua vontade e o teu tempo sejam respeitados.
Desta forma ganharás confiança para, ao teu ritmo, progredir na tua aprendizagem.