É inegável para todos que as nossas circunstâncias familiares influenciam a evolução da nossa aprendizagem e, sobre este assunto, há vários fatores a ter em conta.
No artigo de hoje vamos percorrer estes fatores e analisar juntos de que forma as famílias podem apoiar os alunos a tirarem o melhor resultado dos seus percursos académicos.
1. As qualificações escolares dos pais e adultos de referência
Inevitavelmente as competências escolares, técnicas e pessoais dos adultos de referência das crianças e jovens serão determinantes no seu processo de aprendizagem.
Afinal, quanto mais competências os adultos de referência tiverem, maior apoio as crianças terão nas suas tarefas escolares e maior acesso a materiais de apoio e atividades extracurriculares que fomentarão o seu sucesso.
2. A capacidade financeira da família
Este fator não é determinante por si só, uma vez que a capacidade financeira não implica necessariamente que esta seja usada para dar acesso a mais e melhores oportunidades de aprendizagem.
No entanto, a maior capacidade financeira pode dar acesso ilimitado a recursos como Internet, computador e outros que podem favorecer a aprendizagem.
Além disso, a capacidade financeira da família abre a possibilidade de qualquer questão que precise de apoio externo (como consultar um oftalmologista, psicólogo, dentista,…) seja imediatamente atendida levando a uma solução mais rápida e ao não agravamento da situação.
3. Acesso a cultura e conhecimento
O acesso à cultura e ao conhecimento no seio familiar é muito importante, porque leva à abertura de horizontes, à tolerância e faz com que o conhecimento apreendido na escola seja relacionado e aumentado com a realidade.
Este acesso é impulsionado mais facilmente quando existe uma maior capacidade financeira, mas existem muitas oportunidades de acesso à cultura e conhecimento que são gratuitas, como visitas a museus, passeios na floresta, concertos ao ar livre e trabalhos manuais com materiais do dia-a-dia.
4. Estabilidade emocional da família
Este será certamente um fator central na aprendizagem, uma vez que a estabilidade emocional é a base da aprendizagem. Se esta não existir na criança e/ou na sua família, a aprendizagem está fortemente comprometida.
É necessário que nos analisemos e saibamos pedir ajuda, sempre que necessário e é também essencial que a escola e a comunidade olhe pelos seus membros para apoiá-los e ajudar nos seus desafios.
5. Integração da família na comunidade
Existe um antigo provérbio africano que diz que “É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança.” e é bem verdade. Todos temos um papel a desempenhar na educação das crianças e jovens com quem contactamos, mesmo que não sejam nossos filhos ou alunos.
É necessário que lhes demos exemplo de boas práticas, colaboremos com eles ajudando nos seus desafios e procuremos apoiar a família nas suas dificuldades.
Estes fatores não representam por si só fatores de sucesso ou insucesso na aprendizagem das crianças e jovens, porque estes e outros fatores atuam em simultâneo.
Por exemplo, uma família pode ter grande capacidade financeira, mas não dar importância ao acesso à cultura ou não achar relevante hábitos de prevenção na saúde e assim essa capacidade financeira não é uma vantagem.
Outra família pode não ter grande capacidade financeira, mas acha que o acesso à cultura e a atividades extracurriculares é muito importante e dirige todos os seus esforços para essa área “compensando” assim essa componente.
A escola pode ser um facilitador e nivelador de desigualdades acompanhando os alunos e conhecendo-os para assim poder contribuir para o nivelamento destas desigualdades na família de origem.
Para que isto seja possível, é essencial que a Escola tenha um papel ativo junto das famílias e que as famílias comuniquem com a Escola e lhes façam chegar as suas necessidades e desafios sem pudores ou vergonhas, porque é o futuro das próximas gerações que está em causa.
Hoje em dia a Internet pode ser um fator compensatório também, uma vez que facilita o acesso ao conhecimento e à cultura (partindo do princípio que há acesso à Internet e a um dispositivo para aceder a ela).
Além disso, a partir de um determinado ponto da nossa vida podemos (e devemos) tomar as rédeas da nossa vida e já não depender exclusivamente da nossa família para ter acesso à cultura, à educação e até (nalguns casos, pelo menos) à saúde.