Faz o que eu digo e não o que eu faço??!!

O poder do exemplo

No meu tempo (sim, já sou um pouco antiga) era normal obedecermos cegamente aos adultos, fossem pais, avós ou professores, sem questionamento e com resignação. Tínhamos opinião, mas essa não era tida em conta, ou seja, não tinhamos voz. Os adultos decidiam o que era melhor para nós e pronto!!

Antigamente é que era bom??

Alguns dirão que esses eram bons tempos, mas eu não concordo. Acho fascinante que crianças, adolescentes e jovens consigam exprimir as suas necessidades e os seus objetivos e que precisem que lhes seja esclarecido a causa subjacente às decisões tomadas.

Isso será permissividade?

Não defendo de forma nenhuma uma atitude permissiva na educação ou que todas as vontades lhes sejam atendidas a qualquer custo. No entanto, é absolutamente essencial que as crianças e jovens entendam as razões para uma determinada decisão e, sobretudo, que essas decisões sejam também aplicadas na nossa vida.

Vamos a alguns exemplos?

Queres que os teus filhos comam sopa e vegetais, mas detestas tudo o que é verde?

Gostarias que os teus filhos lessem, mas ninguém te vê pegar num livro?

Queres que eles mantenham a calma nas zangas com os amigos, mas irritas-te no trânsito?

Queres que digam sempre a verdade, mas escondes informação importante para eles?

Queres que eles sejam peritos em gestão do tempo, que vão à escola, estudem e tenham atividades, mas queixas-te todos os dias que não tens tempo para nada?

Achas que passam muito tempo a usar a tecnologia, mas estás sempre nas redes sociais?

Sê modelo para os teus filhos

Se achas importante alterar algum comportamento do teu filho, pensa se algo no teu comportamento também precisa de ser alterado. Podem até discutir o assunto em família e encontrar estratégias iguais ou diferentes para ambos e apoiar-se mutuamente no processo de mudança.

Sobretudo, usa e abusa da empatia na análise de situações e comportamentos teus e dos teus filhos.

E lembra-te: a educação tem como base o exemplo, por isso dá o teu. E este exemplo não tem de ser um exemplo de perfeição ou isento de erros ou falhas. Dá também o teu exemplo nas situações menos fáceis. Mostra-lhe os teus erros e os teus problemas e como é normal que existam. Mostra-lhe como ultrapassas a frustração. Mostra-lhe que também te sentes cansado muitas vezes e como geres isso. E, sobretudo, mostra-lhe que somos todos “uma obra em andamento” e que andamos todos a aprender a viver.

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